OÁSIS EM MEIO AO DESERTO. Por Antonio Carlos Lemos Cruz

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Por Redação do blogdobastos.net

Durante quatro séculos as vozes profetas foram silenciadas, de forma que o profeta Ezequiel foi levado a proclamar: “Prolongar-se-ão os dias, e perecerá a visão.” Desde que o profeta Zacarias foi morto entre o altar e o santuário, cessaram as vozes proféticas. O mundo ficou mergulhado na escuridão. De forma que o profeta Isaías declarou: “Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão os povos” (Isa. 60:2). No entanto, as trevas não triunfaram, finalmente a luz voltaria a brilhar sobre os povos. Diz o profeta: “para a terra que estava aflita não continuará a obscuridade.” (Isa. 9:1). E “O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz.” (v. 2). Antes da vinda do Messias, Deus enviou o Seu mensageiro que preparará o caminho do Senhor. Ele viria no espírito de Elias. Ele converterá os corações de muitos à prudência dos justos e habilitá-los para a chegada do Senhor. Essa profecia anunciada, se cumpriu com a chegada de João Batista, o arauto da reforma. Quando o anjo Gabriel apareceu a Zacarias e anunciou o nascimento do menino, ele declarou: “Em ti haverá prazer e alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento.” O teólogo Douglas Reis escreveu que “O menino seria especial. Um mensageiro da alegria. Traria renovação e satisfação a um povo oprimido pela maldade. A aridez da religião seria irrigada com a mensagem do profeta
do Jordão” (O Mensageiro do Deserto, p. 16).

Esse arauto da reforma proclamaria a vinda do Senhor, não somente em palavras, mas, sobretudo em poder. Sua vida de alimentação simples, figurino modesto e hábitos equilibrados, era uma constante reprovação: à avareza, ao luxo, à pompa e à ostentação dos sacerdotes, dos príncipes dos magistrados de sua época. Ele não exercia o seu ministério no palácio, mas, no deserto. É no deserto que as coisas essenciais são colocadas acima das urgentes. No deserto não há preocupação com a feira da última moda. No deserto toda comida é caviar. No deserto, as coisas primordiais são colocadas em seu devido lugar. O deserto evoca as coisas primordiais. O Dr. Hernandes Dias Lopes disse que o deserto não é um acidente, mas, uma agenda de Deus. Ele escreveu: “O deserto é a escola superior do Espírito Santo onde Deus treina os Seus líderes mais importantes”. Precisamos desesperadamente de frear nossas ambições, diminuir a nossa corrida frenética do dia a dia, menos trabalho, menos entretenimento, menos cidades e mais desertos. O deserto é um lugar de crescimento espiritual.

Nos dias de João, a religião judaica estava mergulhada no legalismo. Douglas Reis escreveu: “As cerimônias religiosas se tornaram a religião em si. Quando pompas e rituais ganham corpo, a espiritualidade perde a alma.” (O Mensageiro do Deserto, p.26).

Ellen G. White escreveu: “É quando os princípios do reino de Deus são perdidos de vista, que as cerimônias se tornam longas e extravagantes. " (Profetas e Reis, p. 565). A mensagem do profeta do Jordão, “cai como um oásis em meio a aridez de uma religião mórbida, que perdeu seu significado e apegou-se às formas." Diz Douglas Reis.

Multidões foram impactadas pelo ministério do mensageiro do deserto. Curiosamente, a essência desse reavivamento não provocou um arrebatamento dos sentidos, nem provocou um transe hipnótico em seus ouvintes. Não era algo místico, nem havia histeria, nem tietagem entre o povo. As multidões não foram elevadas às nuvens, nem seus pés foram levantados do chão. A sua mensagem era simples e prática. E tinha a ver com o cuidado das pessoas ao seu redor. Na verdade, João Batista não fez sinal algum, mas tudo que ele falou era verdade. E daqueles que são nascidos de mulher ninguém foi maior que João. Disse Jesus posteriormente aos seus ouvintes. Às multidões ele dizia: Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida faça o mesmo. Aos publicanos ele dizia: Não cobreis mais do que o estipulado. Aos soldados ele aconselhava: não deis denúncia falsa e contente com o vosso soldo. Ao governador ele repreendeu: Não é lícito possuir a mulher do teu irmão. Roberto Badenas, teólogo espanhol escreveu:

João é a consciência insubordinável de que não teme nada nem ninguém: nem o governo, nem o clero, nem o povo. Ele censura tanto os vícios mais comuns da plebe quanto os crimes mais severos dos poderosos. (Encontros, p. 11).

A mensagem do deserto era prática e objetiva. Não bastava estar inserido na árvore genealógica de Abraão, para fugir da ira vindoura. Por dia dizia João. Deus pode até estas pedras suscitar filhos a Abraão. Não eram arrependimentos, mas arrependimento, mas, arrependimentos e frutos de arrependimento. Deus não se impressiona como o verniz de nossa ortodoxia. A árvore frondosa precisa produzir frutos. Para a árvore que não produz frutos a sentença já está lavrada. E o machado “Já está posto à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produzir bom fruto é cortada e lançada no fogo.” “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento. Herança genética não garante salvação. A nossa ortodoxia não nos encomendou a Deus – mas, arrependimento e fé. Não apenas, arrependimento do que fazemos, mas também de quem somos.

 

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*DESAVISO: Crédito do Texto - Professor L.Cruz *

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