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Por Antonio Carlos Lemos Cruz
Para ser produzida uma linda pérola, é necessário que algum corpo invasor tais como: grãos de areia, parasita, rocha ou que alguma outra coisa estranha penetre entre a concha e o manto de uma ostra.O ouro, antes de brilhar e irradiar luz e enfeitiçar os olhos, era uma rústica pedra, porém, quando é submetida ao crisol e passa por um processo “dolorido” no fogo e burilado pelo martelo do ourives, torna-se, uma linda joia.Dizem que uma pérola para se formar leva em média três anos. O ouro para ser fundido é necessário ser submetido a mais de mil graus centígrados. “É preciso suportar duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.” Diz a flor, personagem alegórica de Saint-Exupèry. (O Pequeno Príncipe, p. 36).Não é à toa que os grandes líderes da Bíblia foram enviados aos "desertos". Moisés passou quarenta anos em Midiã, apascentando ovelhas, antes de ser chamado para ser o líder que libertaria o povo de Israel do cativeiro egípcio.José passou treze anos como prisioneiro de Potifar, por um crime que não praticou, antes de se tornar governador do Egito. Ele passou ainda, dois anos, preso numa prisão imunda, insalubre e patogênica, depois que decifrou os sonhos dos servos de Faraó. Dizem os estudiosos, que naqueles dois anos, Deus estava construindo a rampa do palácio para José subir como governador do Egito.Davi foi ungido aos doze anos de idade e esperou dezoito anos para assumir o trono de Israel. Durante esse período amargo e fatídico de fuga, o cantor de Israel compôs centenas de salmos.Daniel foi levado aos dezessete anos para Babilônia, e viveu mais de setenta anos no exílio, onde recebeu visões que o levou a escrever as profecias do livro de Daniel. É provável que tenha ficado em Babilônia até o final de sua vida, sem jamais voltar à terra de seus pais.Paulo, conhecido como Saulo de Tarso, depois de se encontrar com Jesus a caminho de Damasco, foi perseguido em ali, na capital da Síria, rejeitado em Jerusalém, e enviado para Társis, sua terra natal, onde passou dez anos, no mais completo ostracismo, antes de se tornar o maior pregador da fé cristã e o maior plantador de igreja da história do cristianismo.Jesus se preparou durante vinte sete anos, para um ministério que duraria cerca de três anos e meio. E no início de Seu ministério, Ele foi conduzido para o deserto, onde enfrentou o inimigo, e o derrotou no próprio território do enganador.João, o discípulo amado de Jesus, foi banido para a rochosa Ilha de Patmos, uma prisão de segurança máxima, no Mar Egeu, um lugar que era reservado para os piores criminosos e inimigos do império. Lá, ele recebeu as visões de Deus que deu origem ao livro do Apocalipse. Enquanto Roma fechou todas as portas na Terra para o último discípulo de Cristo, Deus abre uma porta no Céu para Seu discípulo amado.João Batista desenvolveu o seu ministério no deserto, levou uma vida humilde do ponto de vista financeiro, no entanto, as multidões foram impactadas pela sua mensagem. Seu cardápio simples, seu figurino modesto e sua mensagem poderosa preparou o caminho para a vinda do Rei. A seu estilo de vida temperante e modesto era uma constante reprovação ao orgulho, à pompa e à ostentação das autoridades eclesiásticas e governamentais de sua época. O renomado escritor espanhol, Roberto Badenas escreveu:
João é a consciência insubordinável de que não teme nada nem ninguém: nem o governo, nem o clero, nem o povo. Ele censura tanto os vícios mais comuns da plebe quanto os crimes mais severos dos poderosos. (Encontros, p. 11).
O povo de Israel passou quatro décadas, vagueando pelo deserto, antes de entrar em Canaã, a terra prometida. O Dr. Hernandes Dias Lopes, escreveu:
Vivemos numa geração que tem muita pressa. Gostamos de restaurantes fast-food. Mas os líderes não podem amadurecer no carbureto” (Hernandes Dias Lopes – Paulo, O Maior Líder do Cristianismo, p. 40).
O deserto é primordial para a formação de líderes fortes. No deserto as coisas essenciais são colocadas em sua devida perspectiva. O deserto evoca as coisas mais excelentes, desprezando-se as triviais e as efêmeras. Sua vida era uma constante reprovação: à avareza, ao luxo, à pompa e à ostentação dos sacerdotes, dos príncipes e dos magistrados de sua época.É no deserto que as coisas essenciais são colocadas acima das urgentes. No deserto não há preocupação com a feira da última moda. No deserto todo prato é caviar. No deserto, uma concha de água é mais valiosa do que um baú de ouro. O Dr. Hernandes Dias Lopes disse que o deserto não é um acidente, mas, uma agenda de Deus. Ele escreveu: “O deserto é a escola superior do Espírito Santo onde Deus treina os Seus líderes mais importantes”. Precisamos desesperadamente frear nossas ambições, diminuir a nossa corrida frenética do dia a dia, menos trabalho, menos entretenimento, menos cidades e mais desertos. Como diz o Pequeno Príncipe “O que faz a beleza do deserto é que ele esconde água em algum lugar”. (O pequeno Príncipe, p. 78). O deserto é um lugar de crescimento espiritual.
(L. Cruz)
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*DESAVISO: Antonio Carlos Lemos Cruz é professor de carreira graduado em Matemática pela UEMA, atualmente leciona nas redes municipal e estadual de ensino do MA*
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